Curiosidades
À época da conquista, existia um Sistema de caminhos de há muito instaurado pelos índios ― o chamado Peabiru, que atravessava a região correspondente ao atual estado do Paraná. Era uma vasta rede, que cortava o território em varias direções; partindo de São Vicente, no Atlântico, contava com inúmeros ramais no sentido leste-oeste e norte-sul, e ia terminar na costa do Pacífico, Cobrindo uma extensão de 1400 quilômetros.
Expedições exploradoras de portugueses e espanhóis, assim como viajantes e aventureiros de diferentes origens, palmilhavam os trajetos do Peabiru, todos em busca do ouro, da prata e das riquezas que supunham existir no interior das matas. Além das entradas, breve os caminhos de Peabiru seriam amplamente utilizados também pelas bandeiras, para a Caça aos índios.
O português Aleixo Garcia foi o personagem central de uma aventura que teria conduzido um grande grupo, através do Peabiru, no encalço das riquezas ambicionadas. Participante da expedição espanhola de Juan Días de Solís ao rio da Prata, Aleixo Garcia naufragou no regresso, aportando em 1.516 no litoral de Santa Catarina. Ali tomou conhecimento, pelos indígenas, da existência de um império com fabulosas riquezas em ouro, prata e pedras preciosas, no lago onde se punha o sol (Império Inca). Com alguns companheiros e um exército de índios, teria ele Chegado à Serra de Prata, saqueado abundantes tesouros, e iniciado o regresso com precioso botim. Não chegou, entretanto, ao seu destino, morto que foi por indígenas.
Apos a instalação da Colônia portuguesa no litoral paulista (1530), restando convencido da existência de grandes riquezas no interior, também Martim Afonso de Souza enviou uma expedição pelo Peabiru, com 80 homens, besteiros e espingardeiros, rumo ao rio Paraná. Dirigido por Francisco de Chaves e Pero Lobo, o grupo teve fim ao ser atacado por indígenas na altura da desembocadura do Iguaçu no Paraná.
De passagem em direção ao Paraguai, outro grande grupo percorre o Peabiru em 1541: trata-se de Alvar Nuñez Cabeza de Vaca, adelantado de Espanha que vem assumir o governo daquela Província. Com 250 homens e 26 cavalos, aportou na ilha de Santa Catarina e posteriormente dirigiu o grupo às nascentes do rio Iguaçu, na região de Tindiqüera (atual Araucária); passou pelos campos de Curitiba e seguiu para os Campos Gerais. Alcançou o Tibagi, depois o Piquiri, e retomou ao Iguaçu, descendo o rio até os saltos de Santa Maria (cataratas do Iguaçu). No registro desta viagem, é perceptível a grande densidade demográfica da região, pois, contando com guias Carijo, por todo o trajeto a expedição mantém contacto com inúmeros grupos indígenas [Fig.16] da mesma nação, assim como são citados os confrontos que ocorrem com seus inimigos Jé.
Se, por um lado os portugueses, se instalam no litoral e dali investem para o interior no sentido leste-oeste, por sua vez os espanhóis tentam penetrar no território paranaense pelo caminho inverso. Tendo fundado em 1537 a cidade de Assunção, diversas expedições lá organizadas partem daquele ponto, percorrendo O Peabiru de oeste para leste. Assim é com Cristóbal Saavedra (1551), Hernando de Salazar (1552), Martínez de Irala (1553), e muitos outros.
É intensa a movimentação nos caminhos de Peabiru demonstrando simultaneamente o quanto a época é marcada pela cobiça do Ouro, assim como a grande disputa que se instaura entre Espanha e Portugal pela posse do então território do Guayrá.
A fundação das cidades espanholas Ciudad Real del Guayrá (1557) e Villa Rica del Espíritu Santo (1576) vem ao encontro da necessidade da ocupação efetiva das terras em disputa entre Espanha e Portugal, e são precedidas por expedições de seu fundador, Fiuy Días Melgarejo, na região do Guayrá, através dos caminhos do Peabiru.