Descrição da Trilha
Os Caminhos da Serra do Mar é o nome de um projeto de criação de uma trilha de longa duração, em consonância com o Projeto Travessias do ICMBio Sede, que percorre diversos municípios e corta algumas das unidades de conservação do Mosaico da Mata Atlântica Central Fluminense. Entre os ambientes visitados durante todo o percurso têm destaque os diversos ecossistemas associados ao bioma Mata Atlântica, como mata de encosta, campos de altitude, além de paredões rochosos, picos, poços e cachoeiras.
O principal objetivo de criação desta trilha é o de favorecer a conservação ambiental na Serra do Mar, integrando diversas unidades do mosaico e conferindo ao uso público ordenado dos espaços protegidos uma estratégia de conservação. Além disso, os Caminhos da Serra do Mar serão espaços para a prática de montanhismo, caminhadas, contemplação, recreação e lazer.
Caminho do Ouro
O trecho do Caminho do Ouro, ou Atalho do Proença, possui aproximadamente 6 km, ligando a Vila Inhomirim, em Magé, ao Alto da Serra, em Petrópolis. Este caminho foi aberto em 1723, por Bernardo Proença, rico fazendeiro, proprietário de terras no pé da serra, que trazia o ouro de Minas Gerais até a cidade do Rio de Janeiro. Neste trecho também pode-se observar diversos atrativos históricos, como a estrada carroçável da Serra da Estrela, considerada à época a “obra mais grandiosa do Império do Brasil” e a primeira ferrovia do país, ligando o Porto de Mauá à Vila Inhomirim (atual Raiz da Serra).
Travessia Cobiçado Ventania
A Trilha Cobiçado Ventania contém cerca de 12 km, sendo grande parte sobre uma belíssima crista. É um destino tradicional dos montanhistas que visitam a Serra Mar Fluminense, considerada uma das mais belas travessias da região. Este trecho possui belas paisagens, e uma vista panorâmica das cidades do Rio de Janeiro e Petrópolis. Durante quase todo o trajeto o caminhante percorre montanhas passando por cumes conhecidos da região, como o Pico do Cobiçado, como o Pico do Cobiçado, o Morro dos Vândalos, a Pedra do Diabo, o Tridente e o Alto do Ventania, chegando a atingir cerca de 1740 metros de altitude.
Trilha Uricanal
A trilha Uricanal, com cerca de 6 km de extensão, é estratégica para a ligação do primeiro núcleo dos Caminhos da Serra do Mar, pois faz a ligação entre o Bairro do Caxambu e o Bonfim, ponto de partida da Travessia Petrópolis Teresópolis. Esta trilha, tradicionalmente usada por excursionistas locais, foi reaberta especialmente para a implantação dos Caminhos da Serra do Mar. A principal característica deste dia de caminhada é a presença, quase que permanente, do rio, que forma poços e pequenas cachoeiras, ótimos pontos para um banho e descanso. Além disso, o caminhante tem a opção de conhecer um lindo bosque de pinheiros centenários, conhecido como “pinheirinhos”.
Morro do Açu
O Morro do Açu, com 2.216 m de altitude, é um dos pontos culminantes do município de Petrópolis. Com acesso pela sede do PARNASO localizada no Vale do Bonfim, é o destino preferido dos caminhantes que visitam a cidade, atraídos pela imponência das formações rochosas dos Castelos do Açu. Ainda no início da trilha o caminhante passa por cachoeiras, como o Véu de Noiva, com 30 metros de queda, ótimo atrativo para a prática de rapel e cachoeirismo. Anualmente milhares de pessoas visitam esta montanha, atravessando riachos, fortes subidas e paisagens belíssimas. Considerando um dos trechos mais pesados, o Morro do Açu é um ótimo local para pernoitar e contemplar o nascer do Sol.
Travessia Petrópolis – Teresópolis (Açu x sino)
Considerada uma das mais belas travessias do país, esta trilha faz a ligação entre o Morro do Açu e a Pedra do Sino. Por aproximadamente 9 km, o caminhante percorre a parte alta da Serra dos Órgãos, passando por campos de altitude, onde é possível encontrar várias espécies de plantas endêmicas. O esforço exigido para percorrer os seis belos vales e cumes, é recompensado pela formidável vista do complexo montanhoso da Serra dos Órgãos. Ao longo de todo percurso o caminhante tem a oportunidade de avistar pelo menos sete municípios fluminenses, caso não seja surpreendido pela neblina, muito comum na região.
Pedra do Sino
A Pedra do Sino, um dos marcos no montanhismo brasileiro, foi conquistada em 1841,pelo naturalista britânico George Gardner, na incessante busca de alcançar o ponto mais alto da cidade de Teresópolis. Com 2.275 m de altitude, a Pedra do Sino é o ponto mais alto do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, e está entre as 10 montanhas mais altas do estado. A descida se estende por 11,5 km em trilha bem aberta, passando pela Cachoeira do Papel, Cachoeira Véu de Noiva e uma grande diversidade de visitante chega, por esta à sede do PARNASO em Teresópolis, concluindo o 1º núcleo dos Caminhos da Serra do Mar
Informações Gerais
Até o final dos anos oitenta, a criação de áreas protegidas era uma estratégia para a conservação da biodiversidade. Todavia, seus principais planejadores perceberam que somente amostras parciais de ecossistemas fragmentados, de difícil implantação, especialmente nos países tropicais pobres, não eram suficientes para abrigar processos ecológicos e evolutivos abrangentes. Por isso, no caso de áreas protegidas já demarcadas, a efetivação de corredores ecológicos no entorno representam uma interessante alternativa para a manutenção dos referidos processos.
Corredores ecológicos ou corredores de biodiversidade são ecossistemas naturais ou seminaturais que garantem a manutenção das populações biológicas e a ligação (conexão) física ou funcional entre porções remanescentes de um ambiente natural. Eles são geridos como unidades de planejamento para a gestão da biodiversidade, o uso sustentável dos recursos naturais e a repartição equitativa das riquezas dela oriunda. Na prática, o conceito de corredor ecológico é aplicado em diversas escalas desde conectar dois pequenos fragmentos até diversas áreas protegidas e grandes fragmentos isolados. De qualquer forma, em qualquer escala, os corredores serão sempre instrumentos de manejo de paisagem e de conservação da biodiversidade.
Na região central do estado do Rio de Janeiro, onde também encontra-se a Serra do Mar, está localizado o Mosaico Central Fluminense, um conjunto de Unidades de Conservação criado com o intuito de ordenar o território, na busca pela sustentabilidade. Da mesma forma serve como uma administração conjunta e envolvente para as diferentes unidades de conservação. O Parque Estadual dos Três Picos não pode ignorar sua estreita relação com o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, por exemplo. Uma administração integrada é extremamente mais eficiente, até para garantir os aspectos biológicos, geográficos e sociais.
Já é sabido por todos que nos últimos anos, as atividades humanas promoveram a intensa fragmentação de áreas de Mata Atlântica, reduzindo sua cobertura florestal para somente 7 a 8% da original. No Estado do Rio de Janeiro, onde todo o território era coberto por esse bioma e seus ecossistemas associados (como brejos, restingas, mangues, campos de altitude e campos rupestres), restam apenas resquícios da cobertura florestal sob diferentes estágios sucessionais.
Uma das estratégias de conservação dos remanescentes de Mata Atlântica para a região do Mosaico da Mata Atlântica Central Fluminense é a integração das comunidades residentes no entorno das Unidades de Conservação com a administração destas. Uma destas estratégias é o Uso Público nas UCs. Entendemos que, abrindo os nossos parques para a visitação e oferecendo serviços de qualidade aos apreciadores destas atividades estaremos favorecendo a preservação da mata atlântica na região e ganhando aliados na conservação ambiental.
A estratégia usada neste projeto será a de abrir a visitação ordenada uma série de trilhas da Serra do Mar, envolvendo o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Parque Estadual dos Três Picos, Área de Preservação Ambiental de Petrópolis e outros formando um caminho, que será chamado de “Caminho da Serra do Mar”, interligando serras, picos, pequenos vilarejos, cidades, paisagens cenográficas, ambientes de megabiodiversidade, ao longo de aproximadamente 300 km. Essas trilhas, que hoje são usadas de forma ilícita, serão visitadas por caminhantes do mundo inteiro que colaborarão na consecução dos objetivos das unidades envolvidas.
O Caminho da Serra do Mar é uma trilha como as descritas acima que passa por diversos municípios fluminenses e cortará algumas das Unidades de Conservação do Mosaico da Mata Atlântica Central Fluminense. Entre os ambientes visitados durante todo o percurso podemos destacar os diversos ecossistemas associados ao bioma Mata Atlântica, como mata de encosta, campos de altitude além de paredões rochosos, picos e cachoeiras.
O principal objetivo de criação desta trilha é o de favorecer a conservação ambiental na Serra do Mar Fluminense, integrando diversas unidades de conservação do mosaico da Mata Atlântica Central Fluminense e conferindo ao Uso Público ordenado dos espaços protegidos como uma estratégia de conservação. Além disso, o Caminho da Serra do Mar será um espaço para a prática do montanhismo, caminhadas, contemplação, recreação e lazer.
O início da trilha se dá no Caminho do Ouro, em Magé e percorre Petrópolis, Guapimirim, Teresópolis e Friburgo, chegando ao Município de Casemiro de Abreu. Durante o seu traçado passará pela APA Petrópolis, Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Parque Estadual dos Três Picos, APA Macaé de Cima, RPPNs, vilarejos, comunidades e propriedades particulares.
O traçado da trilha será consolidado a partir de um trabalho minucioso de levantamento das características dos lugares, principalmente em relação à utilização de trilhas já existentes e interligação entre as mesmas, à biodiversidade, a presença de comunidades tradicionais, disponibilidade de infraestrutura de apoio (campings, transporte, restaurantes, pousadas e abrigos) e considerando o desejo e disponibilidade de moradores, proprietários de terras particulares e gestores de Unidades de Conservação. O planejamento, manejo, gestão e manutenção do Caminho da Serra do Mar terá como alicerce o Voluntariado, partilhado pelas ações realizadas pelos Núcleos Voluntários de Conservação organizados ao longo da cadeia de montanhas.
A trilha principal e seus eixos secundários apresentarão características distintas em sua extensão, ora possuindo sensíveis melhoramentos em sua estrutura, ora se mantendo praticamente primitiva, oportunizando assim, aos diferentes públicos, possibilidade de vivenciar a montanha de acordo com suas diferentes expectativas, limitações físicas, necessidades de segurança, conforto e disponibilidade de tempo. Assim, o Caminho da Serra do Mar será composto por segmentos diferentes, cada qual com sua identidade, refletindo a grande diversidade e variedade encontrada ao longo das montanhas do estado do Rio de Janeiro. A trilha será adaptada às restrições ambientais, formas de relevo, disponibilidade hídrica, acessibilidade (pontos de entrada e saída) e pontos de apoio. Tudo para assegurar um nível elevado de qualidade, interação e conservação.