Histórico
ASPECTOS HISTORICOS, SOCIOCULTURAIS E NATURAL-PAISAGÍSTICO.
Antes da chegada e de conhecer a história contada pelo o homem branco é importante registrar que a região era habitada por povos originários da Nação Guarany e o principal componente de transporte terrestre para o deslocamento dos povos, cargas, animais domésticos era por meio de trilhas.
Os povos originários da tribo Guarany viviam principalmente no litoral Catarinense e Gaúcho, já na região compreendendo entre Paranaguá - PR e próximo a Laguna – SC, a presença da da tribo Carijós e de Laguna para o extremo sul as tribos Charrua e Minuano, que acabaram sendo dizimados.
Enfim, a comprovação da presença dos povos originários no litoral pode ser vista pelos grandes sambaquis, pela presença da cerâmica, sem contar com a riqueza do vocabulário como: Mampituba, Imbituba, Garopaba, etc., segundo relato do Historiador Eduardo Bueno.
Vários historiadores, e entre eles Flavio Santos, vêm estudando uma trilha que foi esquecida pelo tempo: se trata do ”Caminho do Peabirú”, com mais de 3 mil quilômetros, sendo possível observar resquícios desta trilha milenar na localidade de Araçatuba, uma praia entre a Enseada do Brito e a passagem do Maciambú. Este caminho sagrado tinha início na Praia de Baixo, passando por toda a Pinheira, Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, Maciambú, Araçatuba até chegar a Enseada do Brito, Praia de Fora, Guarda do Cubatão culminando na igreja de São Tomé, no bairro Passa Vinte – Palhoça. Seguia pelo Litoral Catarinense até o Rio Itapocu, em Barra Velha, depois sobe em direção a Jaraguá do Sul, Corupá, Interior do Paraná, Foz do Iguaçu, Paraguai, Bolívia e Peru.
Registros e documentos da presença da atividade humana na região somente a partir de 1720 com a chegada dos primeiros imigrantes Portugueses na Vila Nova (Imbituba) oriundos da Ilha da Madeira e dos Açores e uma nova e grande imigração que aconteceu entre os anos 1748 e 1756 com a vinda de casais Açorianos para o Sul do Brasil, ficando assim, visível a presença e a importância destes no desenvolvimento das comunidades localizadas na costa litorânea do Sul que se constata pelo modo de falar, arquitetura, folclore e outros conforme escreve o historiador Vilson Francisco de Farias no seu livro “Dos Açores ao Brasil Meridional – Uma viagem no tempo – 500 anos Litoral Catarinense”.
Também podemos constatar que paralelo ao crescimento populacional surgiram novas demandas econômicas e estruturais na região com destaque para a conclusão da “Estrada de Conventos” -1730, que partia da foz do rio Araranguá, junto ao Morro dos Conventos, passando pelo Vale do mesmo rio e subia a serra para atingir o planalto curitibano no Paraná. Outro setor que teve importância foi o de comunicação que em 1754 foi determinado a abertura das vias de comunicação entre São Francisco do Sul e Desterro (Florianópolis) e de Laguna à Viamão no Rio Grande do Sul.
O comercio de animais também movimentava a região cujo transporte era feito todo a pé ou no lombo de cavalos, percorrendo enormes distâncias, como ocorreu com a primeira tropa com 800 cabeças de gado partiu em 1731 de Araranguá em direção a Sorocaba, no planalto Paulista, numa viagem que levou treze meses para chegar ao destino, na volta trouxeram 1000 cavalos para o Sul, conduzidos por 130 homens. O tropeirismo também deixou seu legado econômico e de comunicação entre Desterro e Lages, cujo caminho partia de São José da Terra Firme (atual São José), passando pelas colônias de São Pedro de Alcântara e pela Vila Mundéus (atual Angelina) para chegar em Lages, ficando conhecido como Caminho da Tropas.
A região também foi palco de grandes conflitos políticos que proporcionava o deslocamento de pessoas no litoral catarinense e gaúcho, a sua maioria estava ligada aos limites territoriais. Em 1738 foi criada a Capitania subalterna de Santa Catarina, subordinada ao Governo do Rio de Janeiro, abrangendo todo o povoado do Sul, sendo seu limite em São Francisco do Sul, nove anos depois, em 1747 a Província de Santa Catarina teve oficializada seus limites entre Guaratuba -PR e São Francisco e ao Sul o Rio Tramandaí, localizado no RS. Para se chegar aos limites existentes hoje, o Rio Grande do Sul deixou de ser subordinado a Santa Catarina em 1760, mas, somente em 1780 foi estabelecido o Rio Mampituba como limite litorâneo das duas Províncias.
Tudo indica que por estas bandas o povo tinha poucos limites, durante a guerra da Cisplatina em1826 o Imperador Dom Pedro I percorreu a cavalo, de canoa, barco ou a pé de Florianópolis a Porto Alegre pelo litoral catarinense e gaúcho para tomar frente ao conflito. Passada a calmaria com os Países vizinhos, a região litorânea entra em plena efervescência com a Revolução Farroupilha quando a República Piratini resolveu conquistar a Capitania de Santa Catarina em 1838.
As atividades religiosas também tiveram grandes influências na formação e comunicação dos povos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e isso teve início nas Missões do Sul com objetivo de evangelizar os povos originários, principalmente os pertencentes as tribos carijós por serem mansos. As missões do Sul ocorriam em circunstâncias especiais, por não saber ao certo a quem pertencia este território, se aos espanhóis ou aos portugueses já que estava situado sobre a linha de Tordesilhas cuja localização precisa se ignorava. Os portugueses tinham interesse em afastar para o interior o mais longe possível e os espanhóis a comunicação com o Paraguai. O certo é que a atividade religiosa na região se dividia entre Padres Franciscanos Espanhóis e os padres Jesuítas Portugueses por volta de 1600, e as congregações Carmelitas mais tarde. A primeira capela a ser construída em Torres teve sua autorização em 1815 e foi concluída em 1824 sendo de grande contribuição para o povoamento e registros históricos desta região. Assim nos contam o Botânico e Padre Raulino Reitz em seu livro “Paróquia de Sombrio” – Ensaio de uma Monografia Paroquial e o Historiador Nelson Adams Filho no livro História Torres – Aspectos.
A natureza também foi muito generosa com a região, entre o céu, o mar, a mata atlântica e a serra geral Deus escolheu o que tinha de mais belo e colocou tudo neste espaço geográfico para que por onde quer que você caminhe sempre haverá muita beleza para contemplar e a ser preservada. Na Serra Geral será possível tocar e ver seus rochedos, inclusive ver um deles beijar o mar como é o caso do morro da Itapeva em Torres RS, morros, cachoeiras, quenius e a formação de vários rios que chegam ao mar formando as bacias. A Mata atlântica com suas montanhas imponentes, como a Serra do Tabuleiro, cachoeiras, águas termais, cascatas, e sua fauna e flora ainda intocáveis, um verdadeiro santuário ecológico é o cenário a ser visto entre Santo Amaro da Imperatriz e Nova Trento. Mais ao litoral, temos um complexo lagunar costeiro formado por majestosas lagoas, grandes lagos e sangas que mais parecem um rosário que acompanham toda a costa do Rio Grande do Sul e Sul de Santa Catarina. A orla marítima entre Torres-RS e Palhoça –SC serão mais de 250 quilômetros de encanto e beleza, encontraremos dunas de areias movediças, sambaquis, barras, rios, grande quantidade de aves migratórias, morros, mirantes e trilhas, destaque para a Rota da Baleia Franca que vai de Laguna a Palhoça por trilhas na encosta do mar. Também veremos paraísos como os morros, rochedos e paredões nas praias de Torres – RS; Praia do Morro dos Conventos – Araranguá; Farol de Santa Marta em Laguna; Praia do Rosa e Praia do Ouvidor em Imbituba; Praia da Ferrugem, Praia do Silveira, Praia de Garopaba e Praia da Gamboa em Garopaba; Guarda do Embaú em Paulo Lopes; Praia da Pinheira e Praia Enseada do Brito em Palhoça.
Neste cenário de beleza natural não poderia faltar neste caminho a porta do Céu com São Pedro de Alcântara, trajado de alemão, desejando boas-vindas aos peregrinos e nos dirigindo para dois caminhos históricos existentes como o Caminho de Tropas-1789 e o Glaubenweg - Caminho da Fé que mostrará o rumo da peregrinação até o Santuário de Santa Paulina na cidade de Nova Trento para agradecer e conhecer a história da primeira santa brasileira. Não poderá faltar um pedido de proteção já que o caminho da vida continua
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